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“Vende-se” o quê?

Aos senhores comerciantes, corretores, botequeiros, escambistas em geral e amiguinhos que adoram colocar placas de "vende-se", "aluga-se", "mata-se", entre outras, em carros, motos, casas, cachorros, papagaios. 

Estes verbos devem concordar com o sujeito, embora, em minha opinião, esta regra de concordância – que nem mesmo os gramáticos conseguem concordar(!) – foge à compreensão dos interlocutores e parece ir contra a evolução diacrônica da Língua. Contudo, deixemos esta discussão para a Linguística Geral.

Vamos à explicação básica!

Em orações de voz passiva sintética (quando há verbo na 3ª pessoa mais o pronome apassivador “se”), devemos concordar o verbo com o sujeito.
Ex: Alugam-se casas / Aluga-se casa / Matam-se pessoas / Mata-se pessoa / Compram-se drogas / Compra-se droga

Os exemplos ficam mais claros quando invertemos a voz passiva sintética para analítica e utilizamos o verbo “ser”:
Ex: Roubam-se otários / Otários são roubados
No singular, “Rouba-se otários” ficaria “Otários é roubado”, não havendo concordância.

Como nada é simples na Língua Portuguesa, esta regra não se aplica em frases que possuam preposição (de, em, com, por, pela, para, etc) após a partícula “se”.
Ex: Precisa-se de matadores profissionais / Trata-se de sujeitos asquerosos / Luta-se por milhões de dólares 

Neste caso, quando o verbo passa a ser transitivo indireto e, consequentemente, temos um objeto indireto, o processo fica mais simples, concordam???

Como diria o Presuntinho, por hoje é só, pessoal!!!

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