Pular para o conteúdo principal

Crase parte 2 - Dou aulas de Português "de segunda à sexta" (não é possível!!!!)

Se vocês ainda estão por aí, quer dizer que não desistiram. Então, vamos continuar nossa explanação sobre CRASE. Ataquemos, hoje, os casos relativos às horas, dias e lugares.

No que tange às HORAS, podemos utilizar o macete publicado anteriormente (Olha lá, seu folgado!!!) Troque a palavra HORA/HORAS por MEIO-DIA e, se incidir a contração “AO” (= PARA O), haverá crase.   
Ex: Eu morri ÀS 4h / Eu morri ao MEIO-DIA
O banco foi assaltado À 1h da madrugada / O banco foi assaltado ao MEIO-DIA
Diferentemente:
AS quatro horas que ficamos presos foram maravilhosas.
OS quatro dias que ficamos presos foram maravilhosos.
AS, neste caso, é apenas um artigo definido (a, o, as, os) e, portanto, não recebe crase.

Só para reforçar:
Quando estiver em dúvida sobre o uso da crase, troque o termo que procede o artigo por uma palavra masculina e, novamente, se o “AO” der o ar da graça, certamente haverá crase.
Ex: Alguns vagabundos dormiam à sombra (ao sol).
A mistura de coca-cola e paçoca o levou à loucura (ao cemitério).

Agora, falemos de crase para LUGARES (países, cidades, locais, etc). Neste caso, tenho uma dica foda que vai resolver boa parte dos problemas nesse quesito e ainda nos ajudar a entender o processo de crase na distinção de dias.

PABLO, QUAL É A MÚSICAAAAAA!!!!!!!!!!
♫Quem vai à e volta da, CRASE HÁ!!!
Quem vai à e volta de, CRASE PRA QUÊ♫
TODO MUNDO, DE NOVO!!!
♫Quem vai à e volta da, CRASE HÁ!!!
Quem vai à e volta de, CRASE PRA QUÊ♫
AGORA, SÓ OS ESQUISITOS!!!
♫Quem vai à e volta da, CRASE HÁ!!!
Quem vai à e volta de, CRASE PRA QUÊ♫
PRA FECHAR, SÓ OS PSICOPATAS:
♫Quem vai à e volta da, CRASE HÁ!!!
Quem vai à e volta de, CRASE PRA QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ♫

Depois de cantarmos em frente ao computador como idiotas, resta-nos conferir se essa porcaria realmente dá certo. Vejamos:
Ex: Quem vai à Alemanha, volta da Alemanha.
Quem vai à França, volta da França.
Quem vai à Inglaterra, volta da Inglaterra.
Quem vai a São Paulo, volta de São Paulo.
Quem vai a Nova York, volta de Nova York.
Vamos tentar com locais comuns:
Quem vai à cadeia, volta da cadeia.
Quem vai à escola, volta da escola.
OIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII, DEU CERTOOOOOOOOOOOO!!!

Embora não possamos usar a mesma regra de forma literal para definir a crase diante de DIAS e PERÍODOS, podemos, ao menos, usar seu ponto em comum. Voltemos à parte de nossa canção: DA, crase há / DE, crase pra quê.
Analisemos o clássico funk do DJ Sendente e o MC Cagão:
♫De segunda a sexta eu fujo da escola, saba-ba-bado e domingo eu solto pipa e cheiro cola♫
Percebam a partícula DE, ela está lá: DE segunda A Sexta, portanto, sem crase.
Outros casos:
Ex: Eu tento escapar da escola DE segunda A sexta-feira.
Sou encapetado DE janeiro A dezembro.
Crase na menção de dias:
Ex: Tomo banho ÀS segundas e quintas-feiras (troca-se por “aos sábados e domingos”, e voltamos ao ponto inicial deste post).

Como já me alonguei demais e este assunto ainda vai dar pano pra manga, amanhã voltaremos com novas regras para o uso da crase.   

Como diria o Michael Jackson: AAAAAAAAAuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!! 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

“Menas ingnorância, é ansim que se fala!”

Determinadas palavras jamais deveriam ser proferidas. E não é porque são descartáveis ou inúteis. Nada disso. O problema é que quando são subvertidas causam vergonha alheia. Sabe quando o cidadão lança na roda aquele “seje” que chega aos ouvidos como um tapa do Hulk??? É disso que eu estou falando!!! Com o utópico sonho de tentar evitar que cada vez mais pessoas cometam atrocidades gramaticais com alto grau de complexidade, elaborei o Top 10 das palavras – versão Mobral – que jamais deveriam sair da boca de alguém. MENAS: o advérbio de intensidade "menos" é invariável, sempre; SEJE: o verbo SER, no presente do subjuntivo e no imperativo, será sempre "seja". Isso também se aplica a "esteja", do verbo ESTAR; ADEVOGADO: por que será que ninguém fala "Adeministração"??? Mistério!!! É advogado, cidadão!!!; INGNORANTE: quem fala assim é um "indiota", "istúpido" e fugiu da "iscola", segundo o dicionário da Carla

“Mim Tarzan, você Jane!”

Se tem uma coisa que me incomoda bastante é o tal do “MIM pronome pessoal reto(!)”. Todo mundo, pelo menos uma vez na vida, já ouviu um sonoro “pra mim fazer”, “pra mim comer”, “pra mim comprar”, “pra mim se matar”, etc. O detalhe, caros amigos, é que MIM não é pronome pessoal reto (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas) e muito menos conjuga verbo. Mim não come, mim não compra, mim não mata! Somente o “EU” é capaz de expressar ações na primeira pessoa do singular. Outra coisa que me chama a atenção é que as pessoas cometem esse erro grotesco sempre no meio e fim das orações, nunca no início. Ninguém diz “Mim vai almoçar e você fica aqui”, mas todo mundo diz “Você fica aqui pra mim almoçar”. Deve haver alguma explicação para isso na Linguística, contudo, não é hora para análises de discurso.    Nos interessa saber que, antes de verbos, ao invés de MIM, o correto é usar o pronome “EU”. Ex: Vou fazer bucho para EU comer | Duvido que EU compre essa porcaria | É mais provável q

“Por que o porquê do porque é diferente de por quê?”

O assunto do post de hoje chegou-me por meio do camaradinha Bruno Damião, de Mogi Guaçu (SP). Puto com as pegadinhas do universo gramatical, ele questiona o uso dos “porques” e a funcionalidade de cada um. Calma, paquito!!! É bem mais simples do que você pensa. Let’s go, little grasshopper!!! Há quatro tipos de “porque” na Língua Portuguesa, todos muito simples e de fácil memorização. “POR QUE” (preposição + pronome interrogativo) é utilizado sempre em PERGUNTAS (exceto quando encerra a frase, conforme aludido abaixo) e equivale a POR QUAL RAZÃO / POR QUAL MOTIVO. Molezinha!!! Ex: “Por que” que você é escroto desse jeito? Há casos que “POR QUE” assume a sequência preposição + pronome relativo e, por isso, passa a ser equivalente aos pronomes PELO QUAL e flexões (pela qual, pelos quais e pelas quais).   Ex: Ser escroto é a Filosofia por que você respira. Já “POR QUÊ” é usado sempre ao término das frases, imediatamente antes de um ponto (final, interrogação, exclamação